educação

PLURAL: os textos de Neila Baldi e Odilon Marcuzzo do Canto

  • Teocracia
    Neila Baldi
    Professora universitária

    O que esperar de um governo eleito com o slogan "Deus acima de todos"? O que temos visto desde 1º de janeiro de 2019: a religião tomando conta ideologicamente das ações deste governo e, junto com ela, as práticas das igrejas. Com isso, todos e todas estamos literalmente pagando o dízimo... Mas o nome é corrupção.

    Desde que o atual governo começou, é um ministro da Educação pior que outro. O anterior nem chegou a assumir e substituiu um que fez declarações contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O que vemos, neste período é, além de falas e atitudes antidemocráticas, muita balbúrdia. Parafraseando o professor Raimundo, "e a Educação ó..."

    O mais novo episódio é o do dízimo - corrupção - que prefeituras teriam que pagar para receberem verbas do governo federal.

    OURO DE TOLO

    No dia 18, o Estado de São Paulo denunciou, em matéria, a existência de um gabinete paralelo dentro do Ministério da Educação, que apontaria quais prefeituras receberiam recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No comando desse gabinete, estariam dois pastores: Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, seu assessor na entidade.

    No dia 21, a Folha de São Paulo fez matéria com áudios vazados do então ministro da Educação, Milton Ribeiro - que, uma semana depois, pediu exoneração - em que dizia:

    - "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar. Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, depois, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar".

    Na quarta-feira, 23, o Estadão divulgou que o prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA), disse que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil adiantados apenas para protocolar demandas. A propina seria de 1 quilo de ouro. Outros nove prefeitos denunciaram o esquema.

    ORAI E VIGIAI

    Chega a ser cômico se não fosse trágico que o governo do eleito sob o véu da não corrupção venha, sistematicamente, sendo denunciado por corrupção. Como diz o Evangelho - que eles não seguem - orai e vigiai. Quem vigia, pelo jeito é a imprensa, que denuncia. Mas e a Polícia Federal, o Ministério Público, o Congresso Nacional?

    Enquanto as instituições "estão funcionando", uma presidenta eleita é deposta, sendo seu processo judicial extinto recentemente, mas um governo atolado em denúncias - inclusive de intervir na Polícia Federal - segue incólume, sem nem uma Comissão Parlamentar de Inquérito e sem processo de impeachment. A solução para o descalabro? Nas eleições gerais de outubro."

    Paz mundial e a UFSM
    Odilon Marcuzzo do Canto
    Ex-reitor da UFSM

    A crise da Ucrânia é agora uma crise nuclear". Esta foi a manchete do jornal The Washington Post, no dia 27 de fevereiro do corrente ano, replicada em alguns dos principais órgão de imprensa do mundo todo. O alerta veio logo após o pronunciamento de Vladimir Putin: "...ordenei às forças de detenção (nucleares) russas que se ponham em estado de alerta máximo".

    A maioria dos especialistas em guerra nuclear concorda que um ataque nuclear intencional por parte da Rússia é muito pouco provável, mesmo com uso de ogivas nucleares de baixa potência, as chamadas ogivas nucleares táticas, o que vai na direção da afirmação conjunta dos presidentes dos Estados Unidos e da União Soviética em 1985, Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan, que "...uma guerra nuclear é uma guerra que não pode ser ganha e nunca deverá ser deflagrada" e reafirmada por Vladimir Putin e Joe Biden em junho de 2021. Por outro lado, tal constatação não deve servir de alívio, pois só o fato de ter um arranjo de armas nucleares em alerta máximo e prontas para ataque gera uma escalada no risco de disparo inadvertido, seja por precipitação, seja por interpretação errônea de dados.

    A explosão de um dispositivo nuclear em qualquer parte do planeta não é uma questão local ou regional; se torna um evento global, com efeitos negativos para a saúde das pessoas, meio ambiente e para a produção de alimentos.

    No momento em que essas percepções ficam aguçadas pelos acontecimentos na Ucrânia, é importante que a sociedade se posicione, exigindo ações e posturas coerentes de seus governantes. Com essa finalidade, cientistas, ex-diplomatas e professores de relações internacionais de sete países latino-americanos (Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, México e Uruguai) se reuniram virtualmente, em 29 de março passado, para lançar o Grupo Pughwash/América Latina, baseado nos princípios e objetivos do movimento internacional Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais, criado a partir do Manifesto Russel-Einstein de 9 de julho de 1955, com o objetivo de chamar a atenção para os perigos da proliferação das armas nucleares e incentivar os líderes mundiais a buscar soluções pacíficas e diplomáticas para os conflitos entre as nações.

    A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi criada com um forte carimbo de envolvimento e de comprometimento com a comunidade regional, como atesta seu histórico de engajamento em projetos não só de cunho nacional, mas também incluindo outros países da América Latina. Mantendo esses compromissos e essa tradição, a UFSM passa a ser o hub do Grupo; trabalhará em conjunto com o recém criado Grupo Pugwash/AL. O objetivo é criar e operacionalizar projetos e programas que visem aumentar o nível de conscientização social sobre os perigos representados pelos arsenais nucleares existentes, construindo interesse público suficiente para pressionar os atores governamentais na criação de políticas públicas na direção da paz e entendimento entre as nações.


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